PRENDAM-NO

Queremos ver teus olhos jorrarem
Lagoas e oceanos de lacrimejos
Ver tuas palavras pararem
E tirarem de tua amada o desejo

Faremos de tudo um pouco
Para vermos você mais oco

Quero ver meu coração bater
No compasso dos meus longos dias
Um "tic" quando o sol está a nascer
Um "tac" que só vem nas noites frias

Farei o máximo, até o impossível
Para me ver cada vez mais invisível

Queremos você todo apático
Eu quero de vocês a fobia
Para instalar esse amor prático
Que me restaura na minha folia
Para matar-me de ácido lático
E me embriagar com sua afasia

Ele se perde, ele se vê sozinho
Ele se ergue, de novo erra o caminho

(...) valsa da última rosa

Eu precisei andar mais de mil quilômetros
Pra ver que o que achava de ti é nada
Você não é meu pódio, você não é meu rumo
Você não é prêmio. Seria minha estrada?
Se és, sabes que não assumo
Se me dissesses, diria que estás errada
Se me ouvisse, me imploraria fumo
Se me cantasse, que fosse apenas toada
Você me conserta, eu te desarrumo
E procura motivos pra viver cansada

Me achei em um curto metro quadrado
Curto, porém tão cheio de solidão
Antes fosse dia de estar embriagado!
Jogaram alguma quimera em meu coração
Jogaram algum feitiço contra meu passado
E defenestraram meu amor em um furacão
Me perdi de novo, vou agora pra que lado?
Preferi me perder do que perder seu perdão

Procuro revigorar-me, e esquecer a ventania
Que levem tudo que quiserem agora
Casa, amor, coração, mão e poesia
Levem, que depois disso vou embora
E deixo a vós toda minha agonia
Deixo-vos as palavras de uma senhora
Que me fez refazer meu dia
E procurar uma vida afora

Nova (não humorada)

Mesólise, mesólise
Mesólise, mesólise

Pra quê te quero?
Pra quê te quero?

Mesólise, mesólise
Mesólise, mesólise

Torna-se-ia minha dor
Torna-se-ia ilusão
Forma-se-ia meu amor
Forma-se-ia um coração

Mesólise, mesólise

Dar-te-hei o meu amor
Dar-te-hei meu coração
Tornar-me-hei um sofredor
Se houver de ti ilusão

Mesólise, mesólise

Odisséia em pé

Disse-me "está cedo" para que eu continuasse
Trata-me então como um desvendador de desejos
Fere-me a alma para que utilizasse
A minha boca para parar com teus arquejos

Descarrega teu libido em pura desconfiança
Eu já me sinto vazio perante tanto absurdo!
Sou o próprio vazio do absurdo de uma criança
Não rio, não choro mais! E continuo feio e surdo

Antes não mais risonho, que somente teu palhaço
Que de quimera me sufoca e de solidão espalha
Tua falta de ar me suprime e acelera meu passo
Suor me desce ao chão, preciso de uma toalha!

Intríseco do coração é nunca saber quando parar
Perante ao amor do outro que o tem para oferecer
Ode a teu peito, que de direito ainda é meu lar
E viva tua morada! Recanto de meu padecer...

10º andar

Parece que deu-se o remanso,
Você vinha pra me buscar
Eu estava até que bem manso
Com amargura e falta de ar

Pensei que pudesse ser asma,
Que fosse um ataque cardíaco
Te liguei para te ouvir pasma
E tu me chamou de maníaco

Larguei o solo às 3
Não sei mais de produtos
Não sei qual é minha vez
De sair pelos dutos

A cidade me oferece tanto lugar
E eu insisto em ficar em casa

Para ninguém ler.

Verificar ortografiaMe dá asas para fluir
E cantar o amor.
Não consigo para de ouvir a mesma música há horas, dias, anos, decênios, milênios... Eu nasci escutando ela, e parece que hei de perder a vida ouvindo-a. Seria a música que eu pediria para ser o compositor. Mas isso é relativo. Eu apenas vim para falar o que ninguém me pediu para que contasse. Me senti como se fosse o último apaixonado. O último mesmo. Achei que todos tinham morrido, e eu que eu iria morrer. Por momentos, eu pensei que estivesse me apaixonado outra vez... Coração bateu forte, as mãos não pararam de tremer, e de repente, eu senti toda vida passar, como se tivesse a obrigação de falar a última vez com as pessoas que eu considero importante. Depois eu descobri que eu podia largar desse sentimento. E então pareceu algum grande cavalo de pano (com em "A ciência do sono") e me levou para voar, para chorar, para brigar, para rir, para rir, e somente rir, depois me render para a saudade.
Poderia escrever os melhores textos, mas algo me fez ficar onde estava. Nunca cantei tão bem! Cantei como os melhores barítonos, passando por Thom Yorke, Eddie Vedder, Caleb Followhill e uma mistura ímpar de Johnny Cash e Bob Dylan. Quis que tivesse todos das minhas bandas, que poderei citar aqui (alguns):

-Rodrigo Gladstone (baixo - ST); André Sampaio (guitarra - ST); Felipe Tiengo (vocal - ST), Serginho (bateria - ST); MARCEL MENDES (gaita - porigons); Mattías (vocal - Daydreamers); Jair Farias (baixo - Daydreamers); Leonardo Figueredo (guitarra - Daydreamers); Felipe Cardoso (baixo - BDP); Karina Moritzen (vocal - BDP); Artur (bateria - BDP); Daniel (guitarra - BDP); Pedro Azevedo (percussão - IMA)

Tem mais alguns, que talvez tenha esquecido, mas com certeza me ensinaram bastante coisa. Imaginei todos eles em uma orquestra, onde eu que era o maestro. Mas eu estava tocando violão sentado, derrotado. Venci a todos, e na hora que mais precisei de aplausos, meus irmãos cantaram junto comigo.

Não direi mais o que tanto pensei, mas eu queria pedir para que o cavalo se liberte.


croc

Ah, mas que saudade...
Parece que nem sei de que é
Ainda penso em liberdade
E em ver-me livre da fé

Se isto fosse ladainha de cantador
Diria que quero ver-me livre do amor



O passado passou, em vão
E vão querer te tirar de mim
Mas isso não deixo, não!
Nem que me matem no fim
Nem que me arranquem o pulmão
Ou eu mesmo acabe assim
Fraco, perdendo respiração
Espero chegar um tufão
Para levar minha tristeza
E lavar o meu coração

Ainda penso em liberdade

Me entreguei a fuga de minha rotina esperando me encontrar livre, esperando não me ver esperando um certo som da máquina inventada por Graham Bell, achando que eu, assim, recuperaria o fôlego de andar sem medir meus passos, de dormir sem avaliar meus sonhos, de comer sem reparar na hora, nos minutos, nos recados, lembretes, memórias...

Não sei conversar
Nem convencer a mim mesmo
Marcaram um quiasmo em mim
Estou salvo,
Mas preso.

"Salvo" até o momento de considerar-me livre.
"Preso" quando percebi que não achei a tal liberdade.